A alquimia e a psicologia analítica

A Alquimia é conhecida como a química da Idade Média e tinha como principal objetivo a transmutação de metais não preciosos em ouro. A arte alquímica, no entanto, nasceu muito antes desse período histórico e alguns historiadores afirmam que a alquimia teve sua origem no Egito e foi usada no aperfeiçoamento de técnicas de embalsamento e em várias experiências com metais.

Outros estudiosos afirmam que a alquimia nasceu na China, com lendas que falam de seu uso em 4500 a.C. A alquimia combinava ciências místicas com várias áreas do conhecimento, como Física, Química, Medicina, Arte, Geometria e Filosofia.

Os alquimistas acreditavam na existência de quatro elementos básicos (fogo, ar, terra e água). E, segundo eles, todos os metais poderiam evoluir até se transformar em ouro e, assim, realizavam experimentos em laboratórios para alcançar esse intento.   

Nesse processo, alguns alquimistas foram para um lado bastante concreto acreditando que, realmente, podiam fazer essa transformação. O ouro, no entanto, era uma metáfora para a busca da perfeição e cabia ao alquimista acelerar esse processo por meio dos processos para que o metal nobre viesse à tona.

Além disso, os alquimistas queriam descobrir o elixir da longa vida, ou a panaceia, que seria uma medicação que poderia curar todos os males e proporcionar vida eterna a quem tomasse. Os gregos antigos acreditavam que a alma era imortal e que essa condição poderia ser alcançada, conquistada.

O trabalho do alquimista era, por assim dizer, um processo de desenvolvimento, de crescimento e amadurecimento. Através dos vasos, fornos, da medição, de esquentar mais ou menos as matérias, os alquimistas estavam em busca do processo de individuação – que é meta maior da psique.

Apesar dos vários esforços e dos seus objetivos nunca terem sido alcançados, os alquimistas foram responsáveis por várias descobertas e invenções (como a técnica do banho-maria para aquecer lentamente soluções e a criação da porcelana).

Jung e a alquimia

O interesse de Jung pela alquimia intensificou-se após a leitura de um texto esotérico taoísta chinês, “O Segredo da Flor de Ouro”. Este texto era muito pouco conhecido naquela época e foi traduzido para o alemão por Richard Wilhelm, que o enviou para Jung, em 1928, para que fizesse algumas considerações. O texto falava sobre a alquimia chinesa e causou profundo impacto em Jung. 

As considerações de Jung sobre esse texto aparecem em 1929 sob o título “Comentário ao Segredo da Flor de Ouro”, presente no volume XIII das Obras Completas – Estudos sobre Alquimia. A partir de então, e durante os próximos 15 anos, Jung aprofundaria seus estudos sobre o tema.

Segundo Jung, a Flor de Ouro é um símbolo mandálico que, muitas vezes, encontrou nos desenhos dos seus pacientes. Esta mandala é ordenada como uma flor crescendo da planta em um fundo escuro. Para ele, a Flor de Ouro é o elixir da Longa Vida tão almejado pelos alquimistas.

No livro “Anatomia da Psique”, de Edward Edinger, o autor explica que, como o próprio Jung demonstrou, o simbolismo alquímico é, em grande parte, produto da psique inconsciente. “A real natureza da matéria era desconhecida pelo alquimista; ele tinha meros indícios a respeito. Ao tentar explorá-la, projetou o inconsciente sobre as trevas das matérias, a fim de iluminá-la.

Enquanto fazia suas experiências químicas, o operador passava por determinadas experiências psíquicas que lhe pareciam ser o comportamento particular do processo químico. Como se tratava de projeção, ele naturalmente desconhecia o fato de a experiência nada ter a ver com a própria matéria. Ele experimentava sua projeção como uma propriedade da matéria; mas, sua experiência, na realidade, era do seu próprio inconsciente.”

A imagem central da alquimia é a ideia da Opus. O alquimista via-se como alguém comprometido com um trabalho sagrado, que requeria uma atitude religiosa, buscando um valor supremo e sua essência. Além disso, os alquimistas consideravam-se guardiões de um mistério vedado aos que não tinham valor.

Os alquimistas também acreditavam que para transformar uma substância era preciso, antes de tudo, reduzi-la à sua primeira matéria, ou seja, seu estado original. A ideia da primeira matéria foi herdada pelos alquimistas da antiga filosofia que pressupunha que a primeira matéria passara por um processo de diferenciação e foi decomposta nos quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Em seguida, segundos os filósofos antigos, esses elementos se combinaram entre si para formarem todos os objetos do mundo.

Os processos alquímicos passam por quatro fases que são: nigredo, albedo, citredo e rubedo. Que serão analisadas no próximo texto.

 

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