Na codependência, duas pessoas estão ligadas pela dependência emocional, sendo que uma delas ocupa o papel passivo, que recebe, que é cuidado, e a outra o papel ativo, de quem manda, controla, cuida, faz pelo outro.
Essa dinâmica de relacionamento é uma dinâmica de dor, uma maneira disfuncional de se relacionar, onde duas pessoas não ocupam uma posição de igualdade. Mas, sim, descompensada.
O codependente precisa da garantia constante de que é necessário. Esse é o seu prazer. Sua identidade está fundamentada em ser necessário. Codependentes procuram alguém para dar o que nunca receberam e ensina como devem ser cuidados, cuidando.
A falha no vínculo da relação parental, em geral, com a mãe, pode resultar em um distúrbio de relacionamento, em um padrão de codependência. Ou seja, a codependência é um tipo de dependência emocional nascida de uma vinculação defeituosa com a mãe.
Segundo Darlene Lancer, estudiosa e autora de vários livros sobre o tema, a codependência é uma doença crônica e progressiva, um tipo particular de dependência relacionada a um padrão disfuncional de relacionamentos. O psiquiatra Timmen Carmak foi o primeiro a sugerir que a codependência é uma doença e seu argumento estava baseado no fato de que é uma condição com sintomas detectáveis e progressivos e que prejudicam o funcionamento normal do indivíduo.
A maior parte dos psiquiatras, no entanto, discorda em intitular a codependência como doença, definindo-a como um transtorno de personalidade, caracterizada pelo desenvolvimento distorcido da identidade. No entanto, concordam com o aspecto crônico e progressivo do transtorno.
O termo codependência abrange todos os tipos de dependência emocional, não havendo diferenças significativas que diferenciem o chamado codependente emocional do dependente emocional, a não ser o fato do primeiro ter um comportamento ativo enquanto o segundo um comportamento passivo.
Segundo a psicóloga Daniela Flieger, a codependência tem sido apontada como uma patologia do vínculo, que se manifesta pela tendência excessiva de assumir as responsabilidades de outros, ou como um defeito na realização de duas das tarefas mais importantes da infância: autonomia e identidade.
Desde muito cedo, o codependente teve que se tornar responsável. Quando criança, sentia-se responsável e impelido a solucionar os problemas, principalmente, da mãe. Na cabeça dele, se ele não tomar as rédeas da situação, nada vai acontecer de maneira correta. Então, ele sempre está resolvendo tudo para todos.
Por não ter completado o down load (linguagem figurada) durante a formação de sua identidade, o codependente precisa do outro para ter referência de si mesmo. Tanto o codependente quanto o narcisista nascem deste mesmo lugar. A diferença é que o narcisista vai ter menos nutrição emocional do que o codependente. Enquanto no narcisista o investimento libidinal fica preso em si mesmo, o codependente experimenta uma troca maior.
Todo narcisista é codependente, pois fica refém do outro para ter validação de si mesmo. Mas, nem todo codependente é narcisista. No entanto, os dois dependem do outro para saber quem são, pois são identidades que se formaram de forma disfuncional e ficaram incompletas. Então, precisam do outro para saber quem são.
Essa dinâmica de relacionamento traz muito sofrimento para as duas pessoas. Afinal, é uma maneira disfuncional de se relacionar, onde duas pessoas não ocupam uma posição de igualdade. Mas, sim, descompensada.
O processo terapêutico é fundamental para que a pessoa consiga reconhecer que está vivendo em um padrão de relacionamento com estar características e que o mesmo não é saudável. Outras vezes, o individuo sabe que algo não está indo bem, sabe que precisa sair desta dinâmica mas, sozinho, fica muito difícil. Então, a ajuda terapêutica faz-se necessária.