Quando o Frederico era bem novinho, logo percebi que era um cachorro bastante agitado. Ainda com meses de idade, ele estava sempre alerta e olhava com muita curiosidade para tudo e todos. Não estranhei muito isso, pois cães gostam de brincar, não é verdade?
Mas, tudo em exagero é estranho. E, na verdade, cães com três, quatro meses de idade, geralmente, estão mais preocupados em dormir. Claro que todos gostam de brincar, mas no Frederico isso era um tanto exagerado.
Quando pensei em levar o Fred para casa, pesquisei sobre sua raça e comportamento. Mas, nem imaginava que um cachorro pudesse ser hiperativo! “Imagina…. Isso é coisa de seres humanos”, pensei quando o veterinário, na primeira consulta deu o veredicto: seu cãozinho é hiperativo.
Com o tempo, vi que o cãozinho fofo, peludo e branquinho era, realmente, hiperativo. Isso não seria um problema se eu tivesse bastante tempo para ficar com ele. Ou seja, o dia inteiro para caminhar e correr e fazê-lo ira atrás da bolinha. Mas, como a realidade não era essa, afinal, tinha que sair para trabalhar, ele ficava um tanto de tempo sozinho.
À noite, quando chegava em casa, ele estava a mil, querendo pular, brincar, correr atrás do meu calcanhar e pedindo que eu jogasse os brinquedos para que ele fosse lá pegar. E, eu só tinha energia para levá-lo para caminhar no quarteirão.
Tudo isso pode não parecer um problema. Mas, na verdade, é. Pois, conforme o cãozinho vai crescendo e entendendo que onde ele mora é o seu território e que tem que proteger o seu dono, essa agitação toda pode transformar-se em rebeldia e, até mesmo, agressividade em relação a pessoas que não são do seu convívio.
A rebeldia vai fazer com que o cão não te obedeça. E, então, a relação entre tutor e pet pode ficar muito complicada. Como eu mantinha contato com o veterinário do Fred, ele sempre dava dicas de como tratar a situação. Nesse período, o Fredinho tomou florais e remedinhos naturais para acalmar e sossegar um pouco. Mas, sempre havia aquela rebeldia nele e enorme ansiedade.
Um dia, o veterinário indicou o adestramento. E, explicou que, mesmo o cachorro que é agitado e ansioso, quando adestrado fica mais obediente. Que o próprio adestramento ajudava o animalzinho a ficar menos ansioso. Ele disse ainda que, muitas vezes, quando o cão não percebe o dono como líder, pode ficar ainda mais ansioso porque “pensa” que ele tem que ser o líder. E, isso causa estresse no animal.
O adestramento também é bom para o tutor, que aprende a, realmente, ser o líder da situação. Muitas vezes, acreditamos que estamos fazendo tudo correto em relação ao nosso filhinho de quatro patas, mas podemos estar errando em não colocar limites definidos. Daí, o cãozinho vai querer tomar conta do pedaço.
Com a indicação do adestramento, pesquisei vários lugares e tipos de adestramento até decidir qual seria o melhor para ele. Com o tempo, o Fredinho foi ficando mais calmo e mais obediente. Já não puxava tanto a guia e não tentava pegar o calcanhar de desconhecidos na rua.
Claro que ainda era – e, ainda é – um cachorrinho hiperativo. Mas, com o treinamento certo, pude controlar vários vícios de comportamento que ele tinha, como puxar demais a guia durante o passeio, querer atacar pessoas que vinham conversar comigo, latir loucamente quando outro cão se aproximava, não deixar que eu limpasse os ouvidos dele, morder as mãos das pessoas como forma de brincadeira, entre outros.
Sem sombra de dúvida, tudo o que fazemos para melhorar a interação da gente com nossos pets é válido. Aquele primeiro treinamento durou alguns meses e foi muito bom. No entanto, o Frederico é um cachorro com uma personalidade bastante forte e, depois de algum tempo, alguns vícios voltaram. E, então, levei a outro treinamento que também ajudou bastante.
Lógico que o comportamento dele ainda tem resquícios dessa fase rebelde, como, latir quando passa gente no corredor de casa, ter ciúmes de pessoas mais próximas a mim e, de vez em quando, ele ainda faz alguma confusão quando estranha a presença e alguém em casa. Mas, não é nada que eu não consiga controlar com um “não” em alto e bom som.
Acredito que, muito do que ele faz, é para chamar a minha atenção. Afinal, os anjinhos de quatro patas querem que a gente tenha todo o tempo do mundo para eles. E, como isso não acontece, esses pequenos vícios de comportamento acabam se impregnando e fazendo parte da personalidade do animal.
Por isso, se você quer ter um cãozinho em casa e não sabe direito como proceder, a primeira coisa que deve fazer é: leia muito sobre o comportamento dos cães e como cada raça reage em determinadas circunstâncias e, se já tem algum cão em vista, procure saber como é o seu comportamento.
Tente responder a perguntas como: é um cachorro agitado ou calmo? Tem características que vão de encontro ao que estou procurando? Tenho condições de colocá-lo em um adestramento? Ou, se for o caso, eu mesmo consigo ensinar os principais comandos?
E, isso vale para todos os tipos de cães e não somente para os cães de uma determinada raça. Saiba que saber ser o líder do seu pet é muito importante para um bom relacionamento e evita futuras frustrações e abandonos de cães.
De resto, é só alegria. Cães são ótimos companheiros e estão sempre prontos para brincar e nos fazer carinho. A companhia de um cão é sempre gratificante. E, quanto mais pudermos tornar esse relacionamento em algo melhor, as duas partes sempre saem ganhando.
E, você? Qual seria sua atitude se descobrisse que seu cãozinho é hiperativo? Você conhece algum cachorro(a) que apresente sinais de hiperatividade? Como esse ‘problema’ foi resolvido? Conte sua experiência.
Foto: Arquivo Pessoal